Segundo blog do jornalista Eduardo Castro, um acordo entre a Vale, segunda maior mineradora do planeta (a maior é a anglo-australiana BHP Billiton), Instituto de Gestão das participações do Estado, ligado ao governo moçambicano e a empresa sul-africana Pro-Er viabilizará a construção de uma fábrica de antiretrovirais, medicamentos usados no combate a AIDS. Os equipamentos necessários serão doados pelo governo brasileiro, acordo firmado em 2003 pelo então presidente Luis Inácio Lula da Silva. Dados da UNAIDS, organização que trata das questões de HIV da África, a África Subsariana, onde vivem 70% dos infectados de todo o mundo, é onde se tem os maiores avanços nos tratamentos. Se não possível impedir o vírus de entrar, pelo menos ele deixou de crescer, registrando uma queda de 25% de novos casos de infecção, no período entre 2001 e 2009. Em Moçambique se teve o maior avanço em pacientes assistidos, passou de 6 para 200 mil só no ano de 2010.
A África, segundo continente mais
populoso do mundo (perdendo apenas para a Ásia), tem economia basicamente agrária. 63% das pessoas vivem em zonas
rurais e os outros 37%, nas cidades. O PIB corresponde a 1% do PIB mundial.
Além da agricultura, existe a grande exploração de diamantes e ouro, o que
é um paradoxo. Exploração essa é feita por multinacionais
européias, que não repassam o desfrute dessa riqueza para os africanos. Nos anos de 1970, o vírus
HIV se instalou e se propagou rapidamente, vitimando centenas de pessoas. A
quantidade de soropositivos cresce paulatinamente por motivos que para nós,
brasileiros, parece não ser grande coisa. O motivo número um é que os africanos
não estão acostumados a usarem preservativos em suas relações sexuais. Isto
está fora da cultura africana e diga-se de passagem, cultura é algo que os
africanos respeitam e muito. As crenças são outros fatores que
favorecem o avanço do vírus HIV na região. Tanto que sobrepõem à saúde e a luta
pela vida.
Muitos africanos não acreditam
que a AIDS seja uma doença contagiosa, degenerativa e que requer cuidados muito
específicos e acompanhamento assíduo por uma equipe médica altamente
especializada. O jornalista Eduardo Castro, que vive em Suazilândia, África, postou
em seu blog que um cidadão estava sendo tratado com um médico que além de
antiretrovirais, que são medicamentos usados para tratamento da doença, lhe
receitava banho de ervas contra os males espirituais. “meu paciente não acredita
que o vírus foi transmitido por meio de uma relação sexual. Ele tem convicção
de que é um feitiço para deixá-lo doente. Ele só aceitou tomar os remédios se
também pudesse tomar o banho de ervas ao mesmo tempo.”, disse o médico
voluntário que auxilia no tratamento dos soropositivos.
Eduardo Castro, diz que existem
diversas ONGs estrangeiras que nem sempre adéquam suas campanhas a linguagem de
cada região. Por exemplo, tem ONG que prega a monogamia ou abstinência, mas
Moçambique é basicamente poligâmica. “E não há bem maior para o homem de várias
etnias daqui do que perpetuar o seu clã”, diz Eduardo Castro referindo-se às
campanhas que considera pouco eficientes. Encurtar a distância que existe
entre os doentes e os locais de tratamento é um desafio. “Tem mil médicos para
22 milhões de habitantes no interior, hospitais ou postos de saúde que ficam a
dias de distância, por estradas de terra. Complicadíssimo seguir um tratamento
assim”, completa o jornalista. Ainda que timidamente, o número
de infectados está deixando de crescer mas ainda há muito o que fazer.
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